domingo, 28 de setembro de 2008

Teatro/Oficina nas Comunidades

Teatro/Oficina na Comunidade - 2007
Teatro tem significados diferentes, geralmente as pessoas ao se lembrarem da palavra mencionam o teatro-edifício ou o teatro-espetáculo, o que varia conforme o conhecimento do indivíduo a respeito do assunto.A partir desses significados o teatro na comunidade tem como objetivo levar à um público da periferia de Cachoeiro de Itapemirim o entendimento do “fazer teatro”, de forma que ele veja através das brincadeiras, jogos teatrais, leituras dramáticas um formato de comunicação/expressão do seu eu criativo com uma nova visão. Uma percepção inserida na sua vida, desenvolvendo no jovem a comunicação/expressão através de uma investigação corporal e uma espontaneidade.A partir desse conhecimento, o jovem desenvolve o “fazer teatral” intencional saindo da espontaneidade para improvisação consciente. Desenvolvendo assim o trinômio: poetizar x fruir x conhecer arte, dentro de um contexto social e cultural próprio.
Teatro/Oficina na Comunidade - 2006
Ao se falar de teatro na comunidade é fundamental perceber/entender qual a idéia de teatro e qual o repertório desta para caminhar numa prática teatral com os participantes, a fim de dar sentido ao teatro como modalidade artística. O teatro/oficina na comunidade é uma proposta cultural inserida no contexto comunitário, que resgata a ludicidade e a o prazer criativo/artístico do atuante de bairros da periferia de Cachoeiro, proporcionando assim ao jovem o direito de conhecer o seu potencial expressivo/dramático – que todas as pessoas possuem – transformando esse recurso em um processo consciente de expressão/comunicação.
Teatro na Comunidade - 2005
O encantamento da brincadeira, do faz-de-conta, vira teatro e deixa-se conduzir com um novo significado, isto é, representar algo, uma idéia, uma história... Para outros. Oportunizando ao jovem da comunidade a compreensão e a utilização dos códigos gramaticais da linguagem teatral e suas diversas maneiras de composição e contextualização, para realizar com eficiência o diálogo com o mundo: ler, compreender, refletir, expressar e fazer, reduzindo a tensão social, elevando o nível de satisfação do participante para a integração daquele na sociedade em que vive por meio da representação/atuação artística. O teatro na comunidade desenvolve-se na linha essencialista: liberdade – ação – criação – sociedade, com fim em si mesmo, voltado para o desenvolvimento expressivo/ comunicativo do jovem – favorecido pelo princípio da ação – e a compreensão do saber estético através da leitura/percepção inserido no tempo e no espaço. Permitindo, a conscientização das potencialidades: intelectual, física, e emocional; e de suas necessidades pessoais, o desejo ao resgate da ludicidade e ao prazer criativo, o crescimento artístico-estético do jovem, e a descoberta da autoconfiança na expressão/comunicação. Tal estimulo permite ao atuante liberar sua personalidade pela espontaneidade e formá-la pela cultura.
Teatro/Oficina na Comunidade - 2004
A expressão nasce no momento do encontro dos dois mundos: o interior e o exterior. Na busca da descoberta do “eu” e do “mundo” que o rodeia, ele se expressa e se revela. No “fazer” do teatro equacionam-se os conflitos humanos. Assim o teatro na comunidade pretende uma “alfabetização artística” onde o teatro em sua linguagem, atuará nas relações de encontros e consciências do eu X sociedade/comunidade em que vive o atuante, numa participação mais significativa do movimento do mundo.

Grupo de Teatro Universitário "Atores do São Camilo"

O grupo de teatro, no São Camilo-ES, constituiu-se de oficinas de teatro (2001) ofertadas por essa instituição, as quais produziram dois espetáculos: “Maria Cachucha” de Joracyr Camargo e “A História é uma História” de Millôr Fernandes. Dinamizam suas ações a partir de 2002, destacando a montagem teatral “Cachoeiro em Quadros” de Vilma Dardengo; o espetáculo Folclórico que originou a peça “Cantos e encantos”, uma criação coletiva com manifestações tradicionais; “Cotigalhando” e “Rádio mulher” - criação coletiva no qual o risível e o humor eram elementos de pesquisas e destaque estético; “Uma Professora muito Maluquinha” - adaptação do texto de Ziraldo.
"Contos e Encantos de outra Povoação"

Seguindo em suas pretensões, o grupo continua com suas pesquisas numa perspectiva do possível experimento de liberdade e transformações de linguagens interpretativas com a montagem de “Um Toque a mais...” - criação coletiva que ensaia afinidades com o teatro da crueldade de Antonin Artaud e com a escola polonesa de Jersy Grotowski.
E dentre as suas montagens mais recentes estão: “Sergio Sampaio... Entre leros e boleros” - uma encenação com músicas e performance que se aproxima da “live art” em que o destaque é o artista da terra e seu resgate para a vida cultural da cidade.
[Propaganda do espetáculo "Sérgio Sampaio... entre leros e boleros!" e da leitura dramática do texto "O martírio dos Ratos" na TV Gazeta-Sul]
As leituras dramáticas do texto: “O martírio dos ratos” de Iremar Brito e o “Cadilack de Lata” de Marcos Jacob; já em 2006 continuamos, com leituras em cenas destacando mais uma vez o artista da terra,
desta vez utilizando-se da obra do pai da crônica Rubem Braga e com uma montagem hilariante: “Mulher em Tópico” que é uma livre adaptação do texto “Oficina Condensada” (Aninha Franco), conta a trajetória da condição feminina nos séculos. Dedicação e comprometimento são o fio condutor do grupo, para produzir um resultado satisfatório, tanto na atuação cênica, superando as expectativas do público - na qualidade e novidade do trabalho artístico apresentado - quanto na integração dos atuantes que defendem um objetivo comum, que é fazer arte com beleza, verdade e harmonia. Formado por acadêmicos dos diversos cursos, desenvolve projetos que vão desde apresentação de peças em espaços públicos, até espetáculos voltados ao público mais exigente.
"Mulher em Tópico"
O Projeto de Teatro desenvolve-se na perspectiva da extensão universitária – cujo objetivo, além de contribuir com o desenvolvimento da comunidade acadêmica, fortalecendo o trabalho de pesquisa, ensino e extensão, contribui para um movimento cultural, no qual a construção do conhecimento artístico é um processo dinâmico e plural, que pressupõe um movimento constante de desvendamento, construção e desconstrução (inclusive do próprio saber e fazer artístico). Encarregado ainda da função social, tão apropriada aos dias atuais, resultado de um processo complexo de criação e produção que se configura, por meio de um esforço necessariamente coletivo, que busca abranger, ao máximo uma relação social com a comunidade local.
Atualmente o teatro, é parte integrante da atividade cultural, educacional e social universitária, atendem toda uma demanda diversificada e específica, são ações que contemplam os conteúdos pedagógicos, estéticos e sociais, ampliando o fazer do grupo teatral através de vários projetos com estrutura e organização própria, mais definida: Recrearte; Teatro/oficina na comunidade; Em cena; Teatro com doentes mentais; Laboratório de Teatro. Vale lembrar que ainda em nível de desejo e ainda em sua formatação inicial, está surgindo o núcleo de estudos com algumas pesquisas encaminhadas como “corpo e arte” e “textos dramáticos”, bem como o Teatro na Empresas, que estará levando para as empresas de Cachoeiro de Itapemirim, apresentações de espetáculos, e oficinas de teatro para seus colaboradores.

Sara Passabon Amorim
Diretora e Coordenadora do Grupo de Teatro

[Trecho do texto publicado na revista do Centro Universitário São Camilo-ES de 2006 Cadernos Camiliani V7-n.2]

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